O setor imobiliário em Portugal está cada vez mais focado em questões de sustentabilidade, critérios ESG (Environmental, Social e Governance) e eficiência energética. Estes temas estiveram em destaque no evento “Do caos às soluções: Pensar a habitação em Portugal”, organizado pela Wire Portugal (Women in Real Estate) e realizado recentemente em Lisboa. A CEO da Insula Capital, Florence Ricou, alertou para a necessidade de acelerar o plano de eficiência energética no país, devido à obsolescência do parque habitacional existente.
Segundo Florence Ricou, Portugal continua a ser um país competitivo em termos imobiliários e atrativo para investidores estrangeiros, mas é crucial acelerar a transição para a neutralidade nas emissões até 2030. As normas europeias exigem que, a partir dessa data, os edifícios construídos não emitam gases com efeito de estufa, e até 2050, todos os edifícios devem cumprir este requisito.
A ex-ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, Assunção Cristas, também enfatizou a importância de melhorar a qualidade das habitações em Portugal, não apenas em termos de quantidade, mas também de sustentabilidade. Ela defende a necessidade de qualificar o produto imobiliário, adotando materiais e sistemas mais eficientes e sustentáveis.
Além disso, a estabilidade legislativa foi discutida no evento como um fator crucial para atrair investidores estrangeiros. Patrícia Viana, da Abreu Advogados, destacou que a falta de estabilidade afasta os investidores, enquanto Assunção Cristas ressaltou a importância de encontrar um equilíbrio entre estabilidade e capacidade de reforma.
No que diz respeito à crise habitacional, Assunção Cristas sugeriu que a construção em altura poderia ser uma solução viável para aumentar a oferta de habitação a preços mais acessíveis. Ela também mencionou a necessidade de demolir edifícios antigos e investir no mercado de arrendamento, especialmente no conceito de Build to Rent.
Em suma, o setor imobiliário em Portugal está a passar por uma transformação significativa, com um foco crescente na sustentabilidade, eficiência energética e qualidade das habitações. A estabilidade legislativa, a construção em altura e a inovação no mercado de arrendamento são algumas das áreas que estão a ser discutidas como possíveis soluções para os desafios atuais do setor.